domingo, 24 de agosto de 2014

MANTENDO O FOCO: FLUXOGRAMA PARA SOBREVIVÊNCIA DIÁRIA DE UM TDAH


É mole!!!?

Postado em: http://universodda.blogspot.com.br/ Data: 28/05/2014.

FORMAS DE TRATAMENTO DO TDAH



Por Dr. Overlack Ramos Campos Filho*

1) Coach Comportamental para TDAH

Uma das primeiras perguntas sobre tratamento é: precisarei de terapia? Vem então à cabeça a imagem de uma sala com divã, o cliente deitado falando, falando, falando... Pensa-se em um tratamento sem prazo para terminar e sem objetivos muito claros...

Nem todos os portadores de TDAH precisam de uma terapia comum ou Psicoterapia Comportamental-Cognitiva - isto vale para todas as pessoas. Fazer terapia é uma atividade que pode ser muito importante, por várias razões. Mesmo pessoas que não sofrem nenhum tipo de transtorno psiquiátrico podem obter muitos benefícios com ela.

Se nem todos as pessoas com TDAH precisam de Terapia, para que serve o Coach?

Adultos com déficit de atenção não formam um grupo homogêneo. Parte deles conseguiu - por esforço pessoal ou devido à sua estória pessoal de vida, ao ambiente em que foi criando - desenvolver estratégias que permitissem superar - ou pelo menos minimizar - o impacto negativo do transtorno. Outra parte, desafortunadamente, teve menos sucesso nestas tentativas. Estes são os adultos que precisam de tratamento.

Há algumas características centrais comuns aos adultos com TDAH. Estas características são prejudiciais à própria pessoa - normalmente são parte dos motivos que levam a buscar tratamento - e também às outras pessoas ao redor - família, parceiros de trabalho, amigos.

Dentre as características que são mais nocivas estão a impulsividade, baixa tolerância à frustração, variações súbitas de humor, desorganização, rigidez, inflexibilidade, dificuldade em encontrar satisfação e dificuldade em experimentar empatia.

São as interações - com pessoas e com o mundo ao nosso redor - que constituem-nos enquanto seres individuais, determinando nossa forma de pensar, agir e sentir. Infelizmente, no caso de adultos com TDAH, boa parte de sua história pessoal é repleta de interações com outras pessoas que produziram fortes impactos negativos sobre a auto-imagem e auto-estima.

O Coach Comportamental é uma atividade voltada para adultos. Tem por objetivo ajudar o cliente em questões específicas, ligadas a objetivos e metas pessoais. O foco do coach é mais limitado, comparado à terapia - é indicado quando as queixas do cliente são bem definidas e quando não há sofrimento emocional importante.

O Coach assemelha-se mais a um treinamento, com o objetivo de desenvolver uma habilidade específica. O coach age como um treinador, direcionando e estimulando o cliente com técnicas dirigidas aos objetivos do caso.

Para clientes com TDAH, o Coach  pode incluir o desenvolvimento e aprimoramento das habilidades de gerenciamento / organização pessoal e do tempo, a capacidade de planejamento e tomada de decisão, o manejo do estresse e a assertividade, entre outros focos. Os objetivos do Coach são absolutamente individualizados, refletindo as necessidades únicas do cliente.

O IPDA - Instituto Paulista de Déficit de Atenção dispõe de programas de coach especialmente desenvolvidos para adultos com TDAH e co-morbidades:

** Coach para ampliação de potencial profissional
** Coach para melhoria de relacionamentos interpessoais e conjugais
** Coach para gerenciamento da vida doméstica e familiar (especial para mulheres)

Todos os programas de Coach do IPDA - Instituto Paulista de Déficit de Atenção - podem ser realizados em conjunto outros tratamentos: Biofeedback, Neurofeedback, Terapia Comportamental-Cognitiva ou medicação, a depender da avaliação do caso. 

2) Psicoterapia Comportamental-Cognitiva para TDAH

Todas as formas de terapia compartilham alguns objetivos - melhorar a qualidade de vida do cliente, obter mais satisfação com relacionamentos, com trabalho e consigo mesmo. Contudo, há divergências grandes quanto ao que deve ser feito para alcançar estes objetivos.          

A Psicoterapia Comportamental-Cognitiva é um tipo específico de terapia. É diferente das formas tradicionais - não há divã, onde o cliente se deita e fala livremente sobre seus pensamentos, sentimentos - e onde o terapeuta permanece numa posição passiva e, muitas vezes, silenciosa.

A terapia comportamental - TCC - parte do princípio que as queixas do cliente - que geram sofrimento e insatisfação - tem relação não apenas com características genéticas ou de funcionamento cerebral. Pelo contrário, parte do princípio que a forma da pessoa agir e pensar é um fator de fundamental importância, tanto para a compreensão das queixas atuais quanto para sua superação. A abordagemcomportamental-cognitiva também parte do princípio que os comportamentos e formas de pensar desenvolvem-se ao longo da vida - são aprendidos e, portanto, podem ser modificados.

A  Psicoterapia Comportamental-Cognitiva é uma modalidade terapêutica muito ativa, tanto por parte do terapeuta quanto do cliente. Terapeuta e cliente discutem juntos quais são os objetivos, prioridades do tratamento e sobre as estratégias - as atividades, procedimentos e técnicas - que permitirão atingir estes objetivos. 

Os programas em Terapia Comportamental-Cognitiva do IPDA são altamente estruturados - há um conjunto de passos, atividades e conteúdos, ao longo dos quais o cliente desenvolve habilidades que ainda não possui, passa a enfrentar as situações críticas de formas mais positivas, desenvolve maior autonomia e capacidade de encontrar satisfação pessoal.

Em breve as atividades dos Programas de Terapia Comportamental-Cognitiva do IPDA, incluindo material de suporte, apresentações em Power Point e tarefas terapêuticas estarão disponíveis pela Internet, em área exclusiva dos clientes.
  
 TDAH - Adulto

Nos casos de TDAH Adultos, há três aspectos comuns: as queixas do TDAH estão associadas a co-morbidades, há um forte rebaixamento da auto-estima e padrões comportamentais de auto-sabotagem, como adiamento crônico e não realização de objetivos que estão ao alcance da pessoa.  

As co-morbidades mais comuns são ansiedade, depressão, preocupações crônicas e/ou excesso de pensamentos negativos tornam ainda mais difícil superar os déficits associados ao TDAH.

O rebaixamento da auto-estima ocorre se dá como consequência dos fracassos e do excesso de críticas acumulados ao longo da vida. Como estes reduzem a auto-confiança, a pessoa pode deixar de tentar - como forma de se proteger - o que é um fator de risco para os padrões de auto-sabotagem ou adiamento crônico.

Quando há co-morbidades associadas a auto-estima rebaixada e padrões de adiamento crônico, é recomendado associar a Terapia Cognitivo-Comportamental ao tratamento. Sem estes componentes, um treinamento do tipo Coach Comportamental costuma ser suficiente.


3) Neurofeedback - Novidade no tratamento para TDAH


O neurofeedback é um treinamento que permite normalizar as alterações cerebrais típicas do TDAH - a hipofunção das áreas pré-frontais do córtex cerebral.

O cérebro funciona através de descargas elétricas, que são a base da comunicação entre os neurônios. Estas descargas elétricas podem ser amplificadas e decodificadas por aparelhos de EEG – eletroence-falografia. Um EEG permite identificar padrões de ondas cerebrais, dentre eles a freqüência das ondas, medidas em ciclos (pulsos) por segundo. Ondas pulsando entre 16 e 21 pulsos por segundo são consideradas ondas rápidas; abaixo de 8 pulsos pos segundo são consideradas ondas lentas. 

A principal característica neurológica do TDAH é, então, um excesso de atividade de ondas lentas no córtex pré-frontal. O córtex pré-frontal é responsável pelas funções de controle voluntário da atenção, planejamento, julgamento e tomada de decisões, auto-controle, sensibilidade a conseqüências de longo prazo e controle motor fino.

 O Neurofeedback tem comprovação científica?

Em 2001, duas associações científicas internacionais - a AAPB - Applied Psychophysiology and Biofeedback e a ISNR - International Society for Neurofeedback Research - uniram-se em uma força-tarefa para definir cientificamente os padrões oficiais para avaliação eficácia do tratamento comBiofeedback e Neurofeedback.

Cada tratamento recebe uma nota, de 1 (sem suporte emírico) a 5 (eficaz e específico), a depender do nível de eficácia. Mais sobre eficácia do neurofeedback.

A partir da análise das pesquisas científicas já realizadas, o Neurofeedback para TDAH recebeu nota 4 em eficácia. Os resultados em geral mostram redução no excesso de frequências de ondas muito lentas e aumento das frequências mais rápidas, associado a melhora da capacidade de concentração em testes específicos e nas medidas gerais de inteligência, além de melhor desempenho acadêmico.

Outros resultados mostraram que crianças em tratamento simultâneo com Neurofeedback e Ritalina puderam reduzir ou parar completamente a medicação após 30 sessões. Em outro estudo, crianças foram tratadas com medicação ou neurofeedback e medicação. Apenas as crianças tratadas neurofeedback mantiveram os ganhos dos tratamentos após o encerramento de ambos. Veja a íntegra do material no site da AAPB.

Como é o tratamento com Neurofeedback?

O tratamento com Neurofeedback é completamente natural e não-invasivo. Ou seja, o cliente não recebe nenhum tipo de irradiação elétrica ou magnética do equipamento. Também não há risco de choque.

Eletrodos são colocados sobre o couro cabeludo, para a captação das  emissões elétricas dos neurônios, que pulsam dentro do crânio. Por meio de cabos, estas informações elétricas são enviadas a um computador.

O computador decodifica estes sinais e os utiliza para produzir imagens semelhantes a um video-game. Este “video-game” mostra ao cliente, em tempo real, como está o funcionamento de seu cérebro - normalmente comparando a quantidade das ondas mais lentas (associadas aos sintomas do TDAH, que se deseja reduzir) em relação às ondas mais rápidas (que se deseja aumentar).

Conforme a quantidade de ondas lentas diminui e/ou as ondas mais rápidas aumentam, o cliente vai acumulando pontos, música e/ou movimento na tela.

Com isto, por meio de um processo comportamental denominado reforçamento condicionado, o paciente começa a identificar e a alterar voluntariamente a freqüência das ondas cerebrais nas áreas ligadas ao controle voluntário da atenção, planejamento e auto-controle.

Os ganhos obtidos com o Neurofeedback são resultado de um processo de aprendizagem – a pessoa se torna, ao longo do tempo, capaz de focar e sustentar sua atenção, de forma voluntária e adaptada às necessidades do momento.

Quando o pré-frontal apresenta hipofunção, com excesso de ondas lentas, ele não envia os sinais necessários para que outras áreas do cérebro possam funcionar adequadamente. É possível alterar o padrão de freqüências de ondas cerebrais, de forma duradoura, através do Neurofeedback, sem recorrer a medicamentos. Saiba mais sobre neurônios e padrões de funcionamento cerebral.

Por quanto tempo é preciso fazer o tratamento?

A duração do tratamento depende de cada caso. Normalmente, já se observam resultados após 10 a 15 sessões. Não se recomenda encerrar antes de 30 sessões, para garantir que os efeitos sejam duradouros. Em um caso comum de TDAH, o tratamento geralmente exige entre 30 a 45-60 sessões.

Quando há urgência por resultados de curto prazo, o tratamento com Neurofeedback pode ser associado a medicamentos - que tem ação mais rápida. Com a associação ao tratamento com Neurofeedback, a medicação poderá ser gradativamente retirada, sem que os ganhos sejam perdidos.

O tratamento com Neurofeedback é muito caro?

IPDA oferece Neurofeedback com qualidade técnica de nível internacional por valores acessíveis, similares a um tratamento psicológico comum, com diversas opções de pacotes e parcelamento.

4) Tratamentos Medicamentosos para TDAH: Um debate em aberto

Ritalina (metilfenidato) é a alternativa medicamentosa mais comum para TDAH e hiperatividade. Uma das preocupações mais usuais quando se tem um diagnóstico de TDAH – ou mesmo quando há apenas desconfiança diz respeito ao uso de medicação. Perguntas comuns são: Vou tomar Ritalina? Preciso mesmo tomar o remédio? O remédio vicia? É para sempre?

 A faixa preta sempre assusta. É uma reação extremamente comum, devido a perguntas não respondidas, a medos não resolvidos, preconceitos e falta de informação. É preciso conhecer os prós e contras reais do tratamento TDAH com medicação.

Sempre que há recomendação de medicação, ela deveria fazer parte de um plano mais amplo de tratamento. Em muitos casos, é possível seguir o tratamento sem medicação, recorrendo a Psicoterapia Comportamental-Cognitiva, Coach Comportamental e Neurofeedback. Por esta razão, é importante que a avaliação e o plano de tratamento sejam feitos por especialistas.

Vou tomar Ritalina?

Esta é uma resposta que não pode ser dada antecipadamente. A Ritalina é uma das medicações mais comuns para TDAH, mas não é a única. A decisão em prescrever Ritalina – ou outra medicação indicada – é baseada em uma análise das particularidades do caso em questão. O tratamento de TDAH não é definido a priori, antes de uma avaliação extensa – ou, pelo menos, jamais deveria ser.

Preciso tomar mesmo o remédio?

Esta é uma decisão pessoal, que cabe a cada um. Algumas pessoas preferem não tomar medicação sempre que possível – o que não se limita à Ritalina. Pessoas assim tendem a preferir outras alternativas de tratamento, deixando a medicação como último recurso.

Cabe aos profissionais envolvidos com o cliente apresentar um leque de possibilidades, com seus prós, contras, possíveis conseqüências e curto e longo prazo, para que a melhor escolha possa ser feita.

Se o paciente sentir-se insatisfeito ou inseguro com as prescrições e recomendações dos profissionais que o atenderem, deve procurar uma segunda (ou até mesmo terceira) opinião. O tratamento de TDAH é de longo prazo, portanto o paciente precisa estar seguro a respeito das decisões tomadas.

Quais são os efeitos colaterais?

Os efeitos colaterais mais comuns são perda de apetite, taquicardia, boca seca. Normalmente estes efeitos são leves e devem desaparecer rapidamente. No caso de crianças com altura inferior à esperada para a idade, problemas de crescimento ou hormonais, o uso da medicação pode não ser recomenado.

É para sempre?

Não se pode falar em cura do TDAH – como não se fala, por exemplo, em cura do diabetes. É uma condição que pode e deve ser mantida sob controle.

O efeito da medicação é provisório – permanece pelo tempo que a substância estiver no organismo. No caso da Ritalina, o efeito de 10 mg dura em torno de 4 horas. Quando o efeito do remédio acaba, todos os sintomas retornam.

Se a escolha pelo tratamento é baseada exclusivamente em drogas psicoestimulantes (o caso da Ritalina), não há perspectivas em abandonar a droga. Ou seja, um tratamento com remédio - ritalina ou outro - é um tratamento para o resto da vida.

Esta é a principal razão pela qual muitas pessoas são contra a alternativa medicamentosa - há o desejo de libertar-se, a si ou a seus filhos, de um tratamento com droga psicotrópica sem prazo para terminar.

A Ritalina possui efeito imediato e muito eficaz. Entretanto, ela não ensina nada à pessoa – quando seu efeito acaba, tudo volta ao estado inicial. Outras alternativas, como o Neurofeedback, a Psicoterapia Comportamental-Cognitiva e o Coach Comportamental levam a ganhos permanentes, pois envolvem processos de aprendizagem e, desta forma, preparam a pessoa para lidar melhor com as limitações do TDAH ou até mesmo a superá-las.

É preciso ressaltar que o fato da Ritalina produzir efeitos limitados não significa que ela não deva ser usada como parte de um plano de tratamento, quando corretamente indicada. Significa, antes, que qualquer modalidade de tratamento deve levar em conta tanto o alívio dos sintomas quanto a necessidade de desenvolver no cliente novos padrões de comportamento, que o habilitem a lidar de forma mais eficaz e sustentada com as restrições do TDAH.

No IPDA - Instituto Paulista de Déficit de Atenção a avaliação de cada caso é conduzida com extremo cuidado, envolvendo as áreas comportamental, cognitiva, emocional e fisiológica. Sempre que necessário, solicitamos colaboração interdisciplinar de psicoterapeutas comportamentais, neurologistas, neuropediatras, psiquiatras, fonoaudiólogos e psicopedagogos. Com toda esta rede de apoio, podemos chegar a um plano de tratamento que é analisado e discutido em conjunto com o cliente, levando em conta suas preferências e disponibilidade.


Neurofeedback e Ritalina - Como optar pelo melhor?

O conhecimento das alternativas é o pré-requisito para qualquer boa escolha. Especialmente na área da saúde, física e mental, é fundamenntal estar bem informado.

A Internet  é um meio excepcional para adquirir conhecimento sobre qualquer assunto. Na área da saúde, tem sido responsável por uma grande revolução. Hoje, não há como tratar aqueles que procuram por consultas como simples “pacientes” - pessoas passivas, que aceitam incondicionalmente as palavras dos grandes especialistas. Atualmente, os antigos “pacientes” são, na verdade, clientes exigentes e bem informados, em busca de serviços de qualidade e de parceiros, na direção de melhor qualidade de vida e mais saúde.

O Neurofeedback é uma técnica ainda pouco conhecida no Brasil. Muitos profissionais da saúde, mesmo médicos especialistas em TDAH, sequer ouviram falar dela. Nos Estados Unidos, há mais de 300 centros especializados oferecendo serviços, principalmente na área de TDAH, ansiedade e performance em geral.

Um aspecto que se deve considerar é: tanto a medicação - a ritalina é a alternativa mais conhecida - quanto o Neurofeedback são tratamentos dirigidos à base orgânica do TDAH, hiperatividade e/ou co-morbidades. Ambos foram desenvolvidos com este objetivo - reequilibrar as disfunções orgânicas, caracterizadas mais comumente pela hipofunção das áreas frontais.

Ambos são eficazes - produzem os resultados a que se propõem. Mas há diferenças importantes. Primeiro, o Neurofeedback é um tratamento completamente natural, sem contra-indicações ou efeitos colaterais desconhecidos. A ritalina é uma medicação psicotrópica, de uso extremamente controlado. Até onde se sabe, os efeitos colaterais conhecidos não são graves, mas há suspeitas que efeitos desconhecidos até o momento possam aparecer. Um exemplo muito conhecido e comentado é do antiinflamatório Vioxx, que por muitos anos foi campeão de vendas e prescrições e que foi retirado do mercado após muitos anos de uso, quando efeitos colaterais até então desconhecidos apareceram. Outro exemplo são as terapias de reposição hormonal para a menopausa, que descobriu-se serem fatores de risco para câncer.

Segundo, os efeitos do tratamento do Neurofeedaback se mantém por longo prazo, mesmo após o término do tratamento - o mesmo não ocorre com a ritalina: seu efeito dura apenas o período em que a droga está em ação, entre 4 a 6 horas. Se o tratamento é interrompido, todos os ganhos se perdem. Ou seja, o tratamento com a medicação é uma opção para a vida toda.

Ambos - Neurofeedback e Ritalina - tem comprovação científica. O Neurofeedback é reconhecido como técnica eficaz para TDAH pela maior associação internacional da área, com estudos que atendem aos critérios de controles experimentais mais rigorosos, entre eles grupos controle e randomização dos participantes entre os grupos (ver o material da AAPB sobre a comprovação científica do Neurofeedback). Há mais estudos envolvendo ritalina, em relação aos estudos com Neurofeedback. Contudo, deve-se levar em conta que os estudos com medicação são tecnicamente mais simples - e que estes estudos são generosamente financiados pela s indústrias farmacêuticas.

Uma diferença importante entre Neurofeedback e Ritalina - ou outros tratamentos medicamentosos - é o tempo para obtenção dos efeitos desejados. Quando não há efeitos colaterais ou necessidade de mudar de medicação, os efeitos dos remédios são mais rápidos. Já no caso do Neurofeedback, o tratamento é semelhante a exercícios em uma academia de musculação - é preciso praticar, praticar muitas vezes até que se note os resultados.

Quando se trata de escolher um tratamento de saúde, como mencionamos antes, a informação é o melhor remédio. Como discutido no artigo sobre tratamento sem medicação, há mais de uma alternativa para tratar o TDAH - não apenas medicamentos estimulantes. O importante é começar com um bom diagnóstico diferencial e um plano de tratamento, que leve em conta tanto as necessidades de curto e longo prazo - e a possibilidade de terminar um tratamento sem perder os ganhos adquiridos.

* Médico Psiquiatra graduado pela UFBa em 1981 e Psicoterapeuta Analítico Bioenergético certificado pelo “The International Institute for Bioenergetic Analysis"-USA


FONTE: CAMPOS FILHO, Overlack Ramos. Formas de tratamento do TDAH. IN: Blog Dr. Overlack Ramos Campos Filho. Psiquiatria, Psicoterapia, Análise Bioenergética. Texto publicado em 19/01/2013. Disponível em: http://overlack.blogspot.com.br/2013/01/tdah.html.  Acesso: 25/08/2014.


O TDAH NO ADULTO E O PROCESSAMENTO DAS EMOÇÕES



ABDA - Associação Brasileira do Déficit de Atenção
Por Denise Ferreira Ghigiarelli*

Por muito tempo o TDAH foi considerado um transtorno da infância. Somente nos anos 90 se estabeleceu definitivamente a persistência do transtorno na vida adulta. A desatenção é o sintoma que frequentemente persiste na idade adulta, podendo haver uma redução da hiperatividade e da impulsividade.

Os sintomas do TDAH na fase adulta podem ocasionar prejuízos no trabalho, nas relações sociais e amorosas, problemas com condução de veículos, drogas, crimes, imagem corporal, autoestima e queixas de dificuldades com a memória, dificuldades com lazer, espiritualidade, segurança, relações sexuais, ambiente familiar...

Estudos recentes sugerem que se inclua a desregulação emocional como sendo um sintoma fundamental no TDAH adulto. A emoção conglomera processos de avaliação, sensação física, comportamento motor, intencionalidade e expressão interpessoal; desempenha a função básica de auxiliar uma pessoa na avaliação de alternativas, ao oferecer motivação e revelar necessidades e perigos. Portanto, regular as emoções representa uma habilidade fundamental para a interação social. 

Desta forma, a desregulação emocional pode ser definida como a dificuldade ou inabilidade de lidar com as experiências ou processar as emoções, podendo se manifestar como intensificação excessiva ou como desativação das emoções.

Para regular as emoções, o indivíduo necessita usar estratégias para enfrentamento das mesmas, quando este se depara com a intencionalidade emocional indesejada. Autorregulação das emoções seria como um termostato homeostático que regula e mantem as emoções em níveis controláveis. 

Dada a relevância das emoções como moduladoras do comportamento e de sua interpretação, é possível inferir a importância de sua alteração patológica, ou seja, a Desregulação Emocional. Tanto a intensificação excessiva, que pode ser sentida pelo indivíduo como indesejada, resultando em pânico, terror, trauma, temor ou senso de urgência, de forma que o indivíduo se sinta sobrecarregado e com dificuldade de tolerar tais emoções, como a desativação excessiva de emoções, podem impedir o processamento emocional adequado, criando um tipo de enfrentamento caracterizado pela esquiva.

Entre muitos sintomas característicos do TDAH no adulto podem-se agrupar três categorias de muita importância: baixa inibição, baixo autocontrole e problemas nas funções executivas, sendo estes grupos interrelacionados. A baixa inibição estaria relacionada à dificuldade do indivíduo parar e pensar no ato antes de fazê-lo, agindo assim com impulsividade. O autocontrole são reações dirigidas a si, ou ao seu comportamento que poderia ajudar a “fazer” algo diferente do que o impulso manda. A função executiva se refere às ações autodirecionadas que são usadas para o controle, sendo eles inibição, memória de trabalho, planejamento e atenção, e controle emocional. Sendo assim, os indivíduos adultos com TDAH apresentam reações emocionais impulsivas em diversas situações justamente porque eles têm dificuldade de autocontrolar a reação inicial, e também usar de ações direcionadas e autodirigidas que os ajudariam a acalmar as emoções. Ou seja, a autorregulação é um importante mecanismo para guiar, moderar a emoção e organizar a ação. E tendo dificuldade de inibir as emoções, o indivíduo com TDAH apresenta baixa tolerância à frustração, impaciência e baixo controle cognitivo. Adultos diagnosticados com TDAH geralmente vêm de uma infância marcada por dificuldades, expressam um comportamento bastante mal adaptado e deveriam ser reconhecidos como indivíduos que, por definição, lutaram com dificuldades psicossociais duradouras.

Embora o TDAH venha sendo estudado há anos através do foco na dificuldade cognitiva, a perspectiva da regulação da emoção parece que pode levar a uma melhor compreensão deste transtorno. O adulto com TDAH frequentemente sofre de oscilações do humor que podem ser pequenas contrariedades ou mesmo ocorrências menores, sem importância, do cotidiano.  Além de alterações de humor, os portadores de TDAH podem perder o interesse rapidamente pelas coisas e precisam de novidades para se sentir estimulados, revelando uma mistura de incapacidade em manter-se com energia e disposição suficientes para sustentar algo, ainda enfrentando a inquietude própria do transtorno. Mudam de planos constantemente, na maioria das vezes sem prévia consulta aos outros, o que gera muitos conflitos nas relações. Por terem dificuldade de monitorar seu próprio comportamento, avaliam as consequências de seus atos somente depois que já praticaram a ação. 

TRATAMENTO

O tratamento do TDAH deve ser multimodal e inclui orientação, tratamento psicoterápico e uso de psicofármacos. O tratamento da Desregulação Emocional no TDAH deve colaborar para que a pessoa desenvolva hábitos e capacidade de tolerar suas emoções, a fim de lidar melhor com os desafios do cotidiano.

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é hoje a mais indicada para o tratamento do TDAH por ser vista como um conjunto de intervenções relevantes para a regulação emocional, pois inclui orientação e técnicas que colaborem na modificação de comportamento, na estruturação do ambiente, no planejamento de atividades e no manejo de sintomas. 

Esta abordagem de psicoterapia busca propor que não é a situação que determina o que as pessoas sentem, mas o modo como interpretam a realidade à sua volta. Sugere também que o pensamento distorcido pode influenciar o humor e o comportamento do indivíduo. Sendo assim, o terapeuta auxilia o paciente a descobrir não só os eventos do ambiente que determinam os comportamentos-problemas, mas também a identificar e atuar sobre o que mantém estes comportamentos, como os pensamentos distorcidos.

A TCC utiliza lineamento de habilidades sociais, conversação, resolução de conflitos, controle da raiva, estratégias específicas que reforce o comportamento adaptativo social e diminua ou elimine o comportamento desadaptativo, por exemplo, através de técnicas de reforço positivo. Tais técnicas podem ajudar a diminuir as deficiências no dia a dia e administrar os sintomas, tornando os comportamentos desadaptativos menos frequentes e desta maneira menos estressantes.

A reestruturação cognitiva é uma eficaz estratégia “antecedente” de regulação emocional, pois modificando a interpretação dos eventos, o indivíduo pode efetivamente reduzir o impacto emocional.
Partindo do entendimento da neurobiologia das emoções e do seu papel na etiologia de diversos transtornos psiquiátricos, a Regulação Emocional surge então, no contexto da psicoterapia como um conjunto de habilidades adaptativas, que inclui a capacidade de identificar emoções e compreendê-las, controlando a emergência de comportamentos impulsivos e possibilitando o uso de estratégias adaptativas para ajustar a resposta emocional.

 * Psicóloga Clínica-CRP 06/107690 - Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental-HCFM-USP

FONTE: GHIGIARELLI, Denise Ferreira. O TDAH adulto e o processamento das emoções. IN: ABDA – Associação Brasileira do Déficit de Atenção. Texto publicado em 26/06/2014. Disponível em: http://www.tdah.org.br/br/textos/textos/item/1076-o-tdah-no-adulto-e-o-processamento-das-emocoes.html#sthash.MEKYJm9a.dpuf. Acesso: 25/08/2014.

A TRILOGIA DO TRATAMENTO DO TDAH (AUTOCONHECIMENTO, TERAPIA E MEDICAMENTO)

E assim foi quando, aos 36 anos, descobri o meu TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), depois de uma odisseia de treze anos de tratamentos, diversos e numerosos, a partir de diagnósticos controvertidos e vagos. Tudo isto instigado por uma incessante busca de repostas e de alívio para o que eu sentia. Algo como desatenção, hiperatividade e impulsividade, que se manifestavam, sorrateiro e sem permissão, no meu dia-a-dia, nas minhas ações e decisões e nos meus pensamentos.
Enfim encontrei-me, incidentalmente, quando um perspicaz neurologista, depois de escutar todas as minha queixas, disse-me: "tome esse remedinho aqui e depois me conte como se sentiu".  Um remedinho?  Sim! Mas não qualquer daqueles, como tantos que já haviam me receitado os mais diversos médicos. Era destinado, especificamente, para tratamento do TDAH.

Já nos primeiros dias de tratamento, aquela minha visão míope – de mim mesmo e de como enxergava o mundo – ganhou nitidez de uma TV FULL HD.  Senti, então, uma premente necessidade de saber um pouco mais sobre o TDAH. Acessei blogs, procurei livros e artigos sobre o assunto. A cada leitura eu me identificava em todos os detalhes; era o reflexo do meu ser. Os sintomas e suas consequências positivas e negativas no trabalho, na família, na escola, na faculdade, nos relacionamentos e até na minha vida financeira se encaixavam como chave e fechadura. Os aconselhamentos, que minha antiga terapeuta havia me passado durante longos anos, começaram a fazer sentido, embora ela nunca tenha aceitado que eu tivesse TDAH, assim como não via com bons olhos o uso de medicamentos.

E esse foi o ponto de partida, o início para a modificação de condutas e pensamentos erráticos e de sofrimentos, que se acumulavam há mais de três décadas.  Uma vida não compreendida e cercada de incompreensões, tornando-se mais clara e definida. O medicamento certo, na dosagem certa, e uma sede de conhecer a mim mesmo me fizeram caminhar para um tratamento efetivo, para algo que tinha nome e corpo: o TDAH.

Respeito a opinião daqueles que se posicionam contra a utilização do tratamento farmacológico, insistindo em outros meios alternativos apenas parciais, e, quase sempre, pouco eficientes. Entretanto, percebo que, para alcançarmos uma vida mais feliz e satisfatória, com esse nosso cérebro carente de um funcionamento neurobioquímico adequado, necessitamos de um tratamento que englobe, simultaneamente:

1. AUTOCONHECIMENTO. “Conhece-te a ti mesmo" já dizia o grande filósofo Sócrates. Na base de todo o tratamento está a necessidade e utilidade da consciência do nosso funcionamento cerebral diferenciado, com seus pontos positivos e negativos. Esta é a chave para abrir a porta de um mundo novo, fascinante, instigante e, por vezes, reconfortante. O autoconhecimento nos possibilita realçar nossos pontos positivos e tratar os pontos negativos. Viabiliza, ainda, colocar em prática as outras duas partes da trilogia do tratamento do TDAH.

2. MODULAÇÃO DO PENSAMENTO - COMPORTAMENTO (TERAPIA). O TDAH, em sua essência, é causador de desordem na organização, planejamento, coordenação de nossos pensamentos e na execução de nossas ações, bem como interfere, negativamente, em nosso estado psicoemocional.
A modificação do comportamento de adaptação dos pensamentos negativos e de menos-valia é um processo continuo não linear, com alguns períodos de estagnação na melhora e outros de  enorme superação. É uma busca pessoal, por esforço próprio, embora auxiliado por um especialista cognitivo-comportamental (melhor ainda se especialista em neuropsicologia ou TDAH). A missão dele é nos dar o suporte técnico adequado, visando o auxiliar no aprimoramento de pensamentos, sentimentos e funções executivas (planejamento, organizacão, autorregulação, etc). Tais elementos  tornar-se-ão ferramentas de enfrentamento eficaz  para resolução de problemas (complexos ou do cotidiano) e na neutralização de antigos maus hábitos e traumas, os quais se enraizaram devido a fracassos em vários âmbitos da nossa vida TDAH.

3. ESTABILIZAÇÃO DO FUNCIONAMENTO NEUROBIOQUÍMICO (MEDICAMENTO). O TDAH tem como origem um desequilíbrio da química cerebral, que afeta negativamente nossas funções executivas e nosso emocional. Numerosos estudos científicos trazem essas explicações. É, também, um transtorno de índole comportamental. Disso os especialistas não têm dúvida, nem eu. Mas este fato não afasta ser, uma disfunção fisiológica – neurobioquímica –, a sua causa. Numa singela metáfora com elementos do nosso mundo informatizado, podemos dizer que, embora o problema da nossa máquina (nosso ser corporificado) se manifeste no software (comportamentos, pensamentos e sentimentos), quem o está causando é um defeito no hardware (cérebro).  Por isso, não adianta apenas restaurar o sistema ou reinstalar o software (fazer terapia) sem consertar o hardware defeituoso (tomar o medicamento).
O avanço tecnológico da farmacologia tem sido promissor para o tratamento de doenças e disfunções que afetam o cérebro.  Atualmente, temos boas alternativas medicamentosas para tratamento do TDAH. Assim, com o farmaco certo, na dose certa, podemos ter a base para um tratamento efetivo, que nos conferirá vida digna e de qualidade.


Esses três juntos podem ser considerados, na minha visão, a trilogia do eficaz tratamento para o TDAH, sobretudo quando identificado somente na idade adulta.

O Objetivo deste BLOG?



Antes de explicar o objetivo deste blog, já vou adiantando o que ele não é. Este NÃO é um blog de cunho científico, médico ou psicoterapêutico. As postagens poderão até, algumas vezes, fazer menções a estudos técnicos relacionados ao TDAH, a orientações publicadas em sites especializados ou comentar algo que seja de relevância ao tratamento do TDAH adulto, etc.. Contudo, todo e qualquer conteúdo aqui exposto nunca irá substituir o diagnóstico e orientações de médicos e psicólogos.

Assim, aquela pessoa que ainda não foi diagnosticada TDAH, mas que, por algum motivo, desconfie ser portadora, recomenda-se procurar um especialista: médico ou psicólogo.

Então qual o objetivo deste blog? A criação deste espaço virtual tem o singelo intuito de mediar a troca de experiências e de reflexões entre aqueles que vivem e convivem com o TDAH e, assim como eu, só agora, na idade adulta, tiveram o diagnóstico confirmado e iniciado de tratamento.

Neste espaço, estão abertas as portas para troca de informações, ideias, experiências sobre este hoje chamado: "transtorno" psiquiátrico, originado por uma deficiência neurobioquímica.

A autoconsciência e a informação são dois relevantes fatores positivos no tratamento do TDAH.

Sejam bem-vindos!